Bolsa Music Awards: o que esperar da nova era da Lady Gaga?

Bem-vindos à Chromatica

O especialista Henry Jenkins considera Lady Gaga e seu smash-hit o primeiro caso do fenômeno que tomaria conta da maneira que consumimos produtos midiáticos. O termo pull-media’ é traduzido livremente como “mídia puxada” no livro ‘Cultura de Convergência’ de Jenkins e significa a mídia que é puxada pelo consumidor. Ou seja, ao invés de sentar-se no sofá e engolir qualquer coisa que passe na televisão, os espectadores podem escolher o que vão consumir, assistir ou ouvir. E a primeira escolha foi a Gaga.

Lady Gaga chega em uma indústria onde ser estranho é ser revolucionário. Com uma sonoridade diferente, puro pop e que, ao mesmo tempo que tocava em boates LGBT, tocava em rádios e em programas de TV. Ela foi o ícone pop da última década, por mais que seu último trabalho do gênero tivesse acontecido antes mesmo da metade desta. O álbum ArtPOP foi controverso para dizer o mínimo. A cantora clamava que este álbum seria “O álbum do milênio”, mas, seu primeiro single, Applause perdeu o primeiro lugar da Billboard para Roar da Katy Perry, lançada na mesmíssima semana. E este estigma marcou toda a era ArtPOP.

Gaga, então, decidiu se aventurar por outros gêneros. Primeiro, fez um duo de jazz com Tony Bennet, que, por mais que tivesse altíssima qualidade sonora e boa aclamação crítica – um de seus álbuns chegou a ganhar dois Grammys -, não era o que o seu público geral queria. Logo, Gaga embarca em uma era Country, que começa com Perfect Illusion, cresce com A Million Reasons e atinge seu auge com Shallow, trilha sonora do filme A Star is Born, que arrecadou à cantora dois Oscars. A era Country foi muito celebrada pelos fãs, mas, honestamente… quem não sentia falta da potente Lady Gaga no Pop?

Divulgação

Ela não precisa se provar como uma artista versátil e talentosa, muito menos, precisa se desdobrar para agradar a crítica. Hoje, ela está em um patamar acima disso e a única coisa que ela procura com esta Era é agradar o seu público alvo, aquele que a acompanhou durante todas as suas mudanças de rota, que a apoiou, independente de onde estivesse. Ela apenas “queria dar para os gays o que eles querem”.

A era Chromatica começou prometendo um conceito inteiramente Pop, e já em seu primeiro single Stupid Love, ela nos entregou uma música tipicamente para as baladas, com coreografia já inclusa e visuais arrasadores. Mas Gaga não está sozinha, preenchendo os ecos das boates, já que desta vez ela chamou dois dos maiores nomes Pop do ano passado, que em especial agradam o público LGBT.  Ariana Grande, na faixa Rain on Me, e Blackpink, em Sour Candy, músicas fortes com batidas perfeitas para fazer coreografias ou dublar em uma balada.

Tudo que podemos prever para essa Era é que não podemos nem devemos procurar entender o próximo passo de Lady Gaga. A Era Chromatica chega como uma retomada ao Pop balada que conquistou milhares de fãs ao redor do mundo, iniciando a nova década conquistando mais fãs e, desta vez, não como a “estranha” Lady Gaga, e sim como a multi-premiada, ganhadora do Oscar, Lady Gaga, a maior potência da música Pop.

A “volta ao lar” dela representa tempos bons para o gênero, que durante o decorrer da década se viu enfraquecer e procurar influências em outros nichos, como na música latina ou no K-Pop. Vimos grande nomes perderem a força, ícones se tornando irrelevantes. A música Pop precisava de uma força para voltar aos rádios, voltar a rotina das pessoas. E, diferente de grandes nomes Pop, Gaga não se opõe as influências trap de Ariana ou o rap coreano do Blackpink, e sim os incorpora, trazendo esses elementos em uma roupagem Pop irresistível. Lady Gaga reúne o que nos fez apaixonar por ela dentro daquele Bad Romance, com a bagagem que ela e o Pop ganharam ao decorrer dos anos.

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